Dossiê 2024/2

A segunda metade do século XX foi marcada na América Latina, e em especial nos países sul-americanos, pela emergência de ditaduras militares e governos autoritários, que contaram com o apoio de setores significativos da sociedade civil. Estas ditaduras perseguiram, cassaram, censuraram, prenderam, exilaram e mataram as vozes dissidentes. Mas também enfrentaram distintos movimentos de resistências que, em suas múltiplas facetas, as desafiaram. Neste contexto, os intelectuais – entendidos aqui em seu caráter polissêmico – exerceram um importante papel, sobretudo a partir da perspectiva, que ganhou força nas décadas de 1960 e 1970, que defendia que os intelectuais poderiam e deveriam ser um dos principais agentes da transformação das sociedades. Assim sendo, o universo intelectual também foi atravessado pelo compromisso com o engajamento político. A esfera pública tornou-se palco não só de sua militância política contra as ditaduras e contra o imperialismo, mas também de intensas reflexões e debates intelectuais que buscavam compreender a história das sociedades latino-americanas, as origens e desdobramentos de suas desigualdades econômicas e sociais e a construção de projetos políticos alternativos. Neste dossiê, desejamos reunir artigos, de distintas áreas das Ciências Humanas, que contemplem as relações entre intelectuais e militância política; trajetórias de intelectuais, circulação de ideias e suas redes de sociabilidade; atuação de intelectuais no exílio; intelectuais, projetos políticos e partidos e/ou organizações revolucionárias no contexto das ditaduras latino-americanas.